O Poder do Conhecimento

Hugo Estevam Longo
10 min readFeb 17, 2021

Acredito que a maioria de vocês já ouviu falar que o conhecimento é a base de tudo. Adoraria ver as mãos levantadas daqueles que acreditam que isso seja verdade, mas essa ferramenta ainda não permite isso.

E esse conhecimento é de fato um poder? Depois de alguma reflexão profunda sobre esse conceito, cheguei à conclusão de que na verdade o conhecimento não é poder. O conhecimento é apenas um potencial poder a ser explorado. Para entender um pouco melhor, vamos dar um passo atrás…

O que é Conhecimento?

Conhecimento é uma palavra que significa coisas diferentes para pessoas diferentes. Algumas pessoas consideram a informação como sinônimo, enquanto outras a veem como algo mais. No Dicionário Oxford online é definido como:

fatos, informações e habilidades adquiridas por meio de experiência ou educação. A compreensão teórica ou prática de um assunto. — Oxford

Em outras palavras, cobre quase tudo. No entanto, nos negócios e em outras disciplinas, tendemos a diferenciar mais concretamente entre informação, dados e conhecimento. Esse assunto é muito relevante para os analistas de dados conhecerem e compreenderem a pirâmide DIK, que é usada para ajudar a explicar esse modelo.

DIK — Model

Vamos começar com os dados que estão na base da pirâmide.

Dados

Os dados são a forma mais básica e referem-se a fatos e cifras não estruturados e sem qualquer tipo de organização. Os dados são muito abundantes, mas também são relativamente insignificantes. Os dados consistem simplesmente em valores brutos ou medições.

Informação

A informação é o próximo nível na pirâmide. As informações consistem em dados com a adição de contexto. Contexto são dados complementares que fornecem significado ao conjunto de dados original. Podem ser informações como quem, o quê, quando e onde. Observe que os dados e as informações geralmente são objetivos por natureza. Informação refere-se a dados que foram organizados, condensados, contextualizados e assim por diante. Os dados agora têm uma direção e um propósito. Por exemplo, os dados são gerados quando um produto é fabricado e comercializado, há muitos números e fatos relativos ao preço de custo, pesquisa de mercado de receita e assim por diante. Esses dados tornam-se informações uma vez que realmente transmitem algo específico. Um novo exemplo, qual foi nosso lucro no último trimestre? Ou qual desses dois produtos tem melhor desempenho?

Conhecimento

O terceiro nível da pirâmide pertence ao conhecimento. Conhecimento é informação com o acréscimo de experiência. A experiência pode ser adquirida de segunda mão através do estudo de livros, assim como em experiências acadêmicas, mas também em primeira mão através do acúmulo de experiências de vida e de trabalho. Com o conhecimento, agora estamos incorporando experiência subjetiva, pois diferentes pessoas terão experiências diferentes para moldar sua compreensão das informações. A representação de um nível mais profundo de compreensão e saber, baseado na experiência e enraizado no contexto. Davenport e Prusak o definiram como uma mistura fluida de experiência, informações contextuais, visão especializada e intuição fundamentada. Exemplos de conhecimento podem ser como consertar uma máquina, como concluir um projeto ou como comercializar um produto. Você também notará que o conhecimento pode vir em graus substancialmente diferentes. Por exemplo, você pode ter alguém que é bom em marketing ou alguém que é um verdadeiro gênio do marketing. Você pode ter um funcionário de suporte de TI recém-formado e pode ter um profissional altamente experiente, cujos anos de trabalho fornecem uma visão e intuição inestimáveis ​​para a resolução de problemas.

Legal, mas…

E o poder do Conhecimento?

Igual “Bateria do Celular” ou muito parecido com isso. A bateria é o conhecimento e a energia é informação armazenada até agora. Se eu tirar a bateria do meu celular e tentar ligá-lo, nada irá acontecer pois ele não terá mais poder. Não até que eu o conecte novamente a bateria. O celular com um propósito específico, ao se conectar a bateria (conhecimento) se tornará poderoso.

Da mesma maneira, você acumulou muitos conhecimentos e informações ao longo de sua vida. Mas isso não o capacitará até que você “se conecte e ligue”. Agora, se este conceito faz sentido para você, e eu sei que é viagem, seria justo dizer que o conhecimento por si só, sem aplicação, não dá poder? Se você pudesse acreditar nisso e concordar comigo, desde que você começou a ler esse artigo, acredito que você adquiriu mais conhecimento somado a artigos que você possa ter lido anteriormente. Aprendemos agora mesmo, você ao ler e eu enquanto escrevia. Essa conexão geralmente é mais importante do que a educação, porque nos dá contexto. Mas esses conceitos não fortalecerão sua vida até você possa aplicá-los.

Veja, estou em uma posição na área de Desenvolvimento de Software. Eu luto nessa posição por um bom tempo. Apesar de ter lido vários livros, passado por vários eventos e pelos treinamentos de grandes profissionais da área, por quê? Por que meus resultados mensais não refletem o conhecimento que acumulei? Porque eu não estou usando-os em sua totalidade e isso não é uma tarefa fácil.

Aplicando o Conhecimento

Recapitulando, os dados referem-se a fatos e números não estruturados. Informação refere-se a dados estruturados, organizados e/ou condensados, enquanto conhecimento é um nível mais profundo de compreensão e know how.

Conforme avançamos na evolução do trabalho com dados para transformá-los em informação e conhecimento entendemos que ter tudo isso sem aplicar em um cenário real, não ajuda muito. E é aí que entra a sabedoria. Existe um exemplo de um modelo simples, usado para nos ajudar a entender um tópico mais complexo nas relações estruturais e funcionais entre dados e sabedoria. Esse exemplo, novamente é uma pirâmide. 😀

DIKW — Model

A pirâmide é praticamente a mesma, porém com um novo nível no estreito topo da pirâmide, onde temos a sabedoria. Sabedoria é conhecimento mais o acréscimo de ação. A sabedoria determina o que fazemos ou não fazemos nesse sentido, a sabedoria também é subjetiva, pois depende da nossa interpretação do conhecimento prévio. Quando recuamos e reavaliamos toda a pirâmide, notamos outra tendência que separa as camadas. Dados, informações e conhecimento são todos estabelecidos no passado, enquanto a sabedoria é usada para estabelecer ações futuras.

A sabedoria está olhando para o futuro, enquanto os outros estão olhando para o passado.

Conforme você sobe na pirâmide, também notará que cada camada tem mais valor do que a anterior. O inverso disso é que conforme você desce na pirâmide, a camada abaixo tem um significado decrescente.

Albert Einstein disse uma vez, que não é que ele seja tão inteligente. É que ele ficou com o problema por mais tempo. Contexto! Nem ele mesmo acreditava que era inteligente, ele simplesmente ficava com os problemas por mais tempo explorando o contexto para tentar resolver equações matemáticas complexas. O óbvio tem que ser dito, não é que quero diminuir a inteligência de Einstein, apenas apresentar sua maneira de pensar, que quanto mais exposto a um problema, maior sua experiência para resolvê-lo. Se você está em uma situação semelhante e consegue encontrar uma resposta, essa resposta já é um Insight. Aplicação de um pouco menos de conversa, um pouco menos de pensamento, um pouco menos de conhecimento e mais ação. Este é o processo de pegar nosso conhecimento e transformá-lo em sabedoria através da experiência, e aqui está a melhor parte. É aqui que está o verdadeiro poder.

Mas e as indústrias, elas são poderosas?

Industria do Conhecimento

Indústrias do conhecimento são aquelas que se baseiam no uso intensivo de tecnologia e/ou capital humano. Enquanto a maioria das indústrias depende de alguma forma do conhecimento como insumos, as indústrias do conhecimento são particularmente dependentes do conhecimento e da tecnologia para gerar receita. Não à toa, as empresas mais valiosas do mundo são dessa categoria.

Entretanto, por que algumas empresas têm sucesso enquanto outras falham? Um grande fator é o tipo de pessoa que trabalha para eles e o que eles sabem sobre outros fatores, como histórico educacional ou até mesmo sua histórico ocupacional. Na verdade, se uma nova empresa deseja ser bem-sucedida, ela deve escolher seus trabalhadores com experiência no setor semelhante, em vez de outros fatores, como escolaridade ou até mesmo seu histórico ocupacional.

Pesquisadores do MIT Media Lab analisaram a história de trabalho de mais de 40 milhões de pessoas no Brasil para identificar os conhecimentos que mais importam para o crescimento e sobrevivência de novos negócios. Um emprego envolve tanto uma ocupação, que é o que o trabalhador faz, quanto uma indústria, que é o que a empresa produz. Um funcionário de banco de dados em uma Instituição Bancária tem conhecimento sobre engenharia de banco de dados, sobre sua ocupação e sobre o setor bancário. Se a pessoa engenheira mudar de emprego e se tornar uma pessoa engenheira de banco de dados em um hospital, ela trará seu conhecimento específico da ocupação, mas não seu conhecimento específico do setor. Isso também vale para pessoas programadoras contratadas apenas pelo conhecimento em linguagens de programação, leva-se um bom tempo para entender o contexto de domínio do negócio.

Usando técnicas para categorizar como as novas empresas escolhem sua força de trabalho, os pesquisadores descobriram que as empresas têm mais probabilidade de sobreviver quando suas contratações trabalharam em um setor semelhante. Surpreendentemente, seu conhecimento do setor acaba sendo mais importante do que a experiência em uma ocupação relacionada ou mesmo o nível de educação que o trabalhador possui. Isso é especialmente verdadeiro para empresas que operam em um setor que é novo para um local. Imagine um empresário abrindo a primeira empresa de Desenvolvimento de Web Sites de sua cidade. Enquanto ela procurava por inscrições para uma nova posição de recepcionista, duas candidatas subiram para o topo da lista. A primeira é recepcionista de concessionária de veículos, com décadas de experiência na profissão. A segunda candidata é uma assistente de design de uma empresa de Desenvolvimento Web diferente. O senso comum sugere contratar a recepcionista da concessionária de automóveis, mas os dados mostram que a pessoa com experiência em web design, mesmo realizando um trabalho diferente, é a aposta mais inteligente.

Vivemos em um mundo dinâmico onde o empreendedorismo é essencial para o sucesso do crescimento econômico. Os empreendedores precisam criar equipes com o conhecimento e os interesses certos. Ao observar o histórico de trabalho das pessoas, temos uma imagem mais clara sobre o que faz com que os novos negócios cresçam e prosperem ou que morram.

Perder um Colaborador do Conhecimento

Acredito não ser novidade que para obter uma vantagem competitiva, as empresas estão fazendo um esforço significativo para encontrar e reter os melhores colaboradores. No entanto, não importa o que sua empresa faça para nutrir seus melhores talentos, às vezes eles deixam a organização. E o custo de perder um colaborador pode ser maior do que se imagina.

A rotatividade pode ter um impacto negativo no moral e na produtividade dos demais colaboradores, mas o impacto de longo prazo é na receita da empresa. Vou tentar exemplificar nos tópicos abaixo.

Os Custos Diretos

Estudos apresentam que a despesa média para substituir um colaborador iniciante pode chegar a 50% do salário desse colaborador. Para uma função de liderança, esse custo de reposição pode chegar a 150% do salário anual.

Muitos fatores contribuem para esse alto custo, incluindo a taxa de recrutamento paga aos recrutadores, o tempo que leva para entrevistar e contratar e a possibilidade de uma demanda de aumento de salário (a Universidade da Pensilvânia descobriu que contratações externas exigem de 18–20% a mais em salários) e olha que essa pesquisa é de 2016, certamente a PANDEMIA não deixou de afetar esse índice.

E se esses custos diretos e tangíveis são intimidantes, o que dizer dos custos indiretos resultantes da perda de um colaborador e do conhecimento que ele tem sobre a empresa?

Os Custos Indiretos da Rotatividade

Pode levar de 8 a 12 semanas para substituir um trabalhador do conhecimento quando ele sai da empresa. E assim que uma nova pessoa entrar para a equipe, você terá de enfrentar outras 4 a 8 semanas (no mínimo) antes que seu novo contratado esteja totalmente treinado, confortável e produtivo (em seu nível mais básico) em sua nova função.

Durante os primeiros um a dois meses de integração de um novo membro da equipe, um de seus melhores colaboradores normalmente será encarregado do treinamento. Atribuir treinamento aos melhores talentos pode garantir resultados excelentes de sua nova contratação, mas você também encontrará custos de mão de obra ocultos que podem rapidamente chegar a dezenas de milhares de reais.

O Custo do Conhecimento Perdido

O que torna sua equipe atual tão boa em seus empregos são as habilidades e o conhecimento exclusivos que cultivaram em seus cargos. Durante o tempo que passaram na sua empresa, eles desenvolveram relacionamentos internos e com os clientes, reunindo percepções que são benéficas para o sucesso contínuo da organização. Quando um colaborador experiente sai da empresa, teoricamente leva esse conhecimento com ele.

Quando você tem o mesmo colaborador em uma posição há anos, seu trabalho é fácil para eles — eles provavelmente não consultam as diretrizes do processo e desenvolveram atalhos para tornar suas tarefas (correção de bugs ou fechamento de venda) rápidas e eficientes. Embora esses colaboradores estejam trabalhando em seus níveis máximos de produtividade, esses processos e eficiências não residem em nenhum lugar, exceto em suas mentes. Lembram quando eu falei que o impacto seria longo prazo nas receitas? Pois bem perder o colaborador acima impacta consideravelmente a produtividade da organização, quando isso fica sistematizado vira o caos.

Com a quantidade de conhecimento que um colaborador de longa data acumula, a experiência do setor e a compreensão da organização que sai com ele são inestimáveis. Lembra da nossa pirâmide? Se os colaboradores levam com ele o conhecimento com o passar do tempo, a empresa fica somente com os dois níveis básicos (dados e informação) presos no presente e no passado. Perdem momentaneamente o conhecimento e a capacidade de projetar o futuro através da sabedoria. Isso precisará ser recriado demandando um bom tempo, e tempo meus amigos, tempo = dinheiro $$$

DIKW Without K and W (Adapt Cars Crashes)

Concluindo…

Promova um ambiente que incentive a colaboração, o coworking e o treinamento cruzado para facilitar a transferência de conhecimento de maneira mais integrada. Mas acima de tudo, seja competitivo e não perca os seus talentos (conhecimento).

E aí, você acredita no poder que o conhecimento pode lhe trazer? Deixe um comentário com sua opinião! 👍

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